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quarta-feira, 22 de maio de 2019
Dissolução de sociedade limitada por acordo e sem partilha inviabiliza a sucessão passiva de seus ex-sócios
Se a sociedade limitada, cujo capital social haja sido completamente integralizado, for dissolvida por comum acordo entre os sócios, sem patrimônio líquido a ser partilhado, o redirecionamento de execução contra os ex-sócios não é possível.
Com esse entendimento, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) deu provimento ao recurso de um ex-sócio para excluí-lo do polo passivo do cumprimento de sentença contra a empresa da qual ele fazia parte.
A ação indenizatória contra a sociedade foi proposta em 1999 e julgada procedente em 2002. A empresa foi extinta por mútuo acordo entre os sócios em 2001, ocasião em que foi registrado perante a Junta Comercial que não havia patrimônio ativo nem passivo.
Em 2007, o juízo de primeiro grau incluiu os sócios no polo passivo do cumprimento da sentença, para que respondessem pela dívida constituída após o encerramento da pessoa jurídica.
Desconsideração
O ministro Marco Aurélio Bellizze, relator do recurso especial na Terceira Turma, ressaltou que a desconsideração da personalidade jurídica – instituto que permitiria a responsabilização dos ex-sócios – não se confunde com a extinção da pessoa jurídica.
O relator destacou que a desconsideração da personalidade “somente é possível quando estiver demonstrada a utilização abusiva da pessoa jurídica, seja decorrente de desvio de sua finalidade, seja por manifestação de confusão patrimonial”.
Portanto, segundo o ministro, a inclusão do ex-sócio no polo passivo da demanda não é possível, já que a empresa extinta era típica sociedade limitada e a sua liquidação não resultou em partilha, pois não havia patrimônio líquido ativo ou passivo.
“Dissolvida a sociedade e extinta a personalidade jurídica litigante, sem a distribuição de patrimônio ativo remanescente, não há viabilidade para o pleito de redirecionamento do cumprimento de título executivo contra os antigos sócios da pessoa jurídica devedora”, declarou Bellizze.
Extinção natural
Segundo o ministro, a questão discutida no recurso diz respeito ao que ocorre com o patrimônio passivo e ativo da empresa naturalmente extinta.
Ele lembrou que o tema já foi enfrentado pela Terceira Turma em hipótese na qual a sociedade era credora. Na ocasião, o colegiado definiu que a extinção de empresa por comum acordo se assemelha à morte da pessoa natural, o que justificaria a sucessão civil e processual dos sócios para dar seguimento à demanda em que a pessoa jurídica extinta figurava como credora e ocupava o polo ativo.
Segundo Bellizze, sendo devedora a empresa dissolvida, a aplicação do mesmo princípio resultaria na possibilidade de responsabilização somente nos limites do patrimônio transferido.
“Apenas na hipótese em que a sociedade liquidada tenha resultado em patrimônio líquido positivo, com sua liquidação e efetiva distribuição entre os sócios, seria possível a sucessão da empresa”, resumiu o relator.
Ressalvas
Marco Aurélio Bellizze ressaltou que, diferentemente do que ocorre com a morte da pessoa natural, a extinção da pessoa jurídica pode sujeitar também o patrimônio pessoal dos sócios ao cumprimento das obrigações remanescentes, como, por exemplo, prevê o artigo 115 da Lei de Falência e Recuperação Judicial.
A sucessão processual da empresa extinta, de acordo com Bellizze, só será possível contra os sócios ilimitadamente responsáveis ou, na sua falta, contra os demais sócios, mas nos limites do ativo partilhado por eles – apuração que deverá ser feita pelo procedimento de habilitação previsto nos artigos 1.055 e seguintes do CPC/1973 (artigos 687 a 692 do código atual). O ministro esclareceu, contudo, que essa situação não está configurada no caso analisado pela Terceira Turma.
Fonte: Superior Tribunal de Justiça
segunda-feira, 20 de maio de 2019
Bens de empresário podem ser executados por dívida de empresa individual
19 de maio de 2019, 15h47
Como
o patrimônio do empresário individual se confunde com o de sua empresa,
não é preciso instaurar incidente de desconsideração da personalidade
jurídica para executar seus bens.
Por isso, a 11ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul reformou despacho que indeferiu pedido de sucessão empresarial.
O relator do recurso, desembargador Guinther Spode, disse que credores podem cobrar seus créditos tanto por meio da expropriação dos bens da empresa individual quanto do empresário. Citando doutrina de Fabio Ulhoa Coelho, o desembargador explicou que o patrimônio de quem explora atividade comercial de forma individual é o mesmo da empresa. Portanto, é um patrimônio só.
"Tendo presente, portanto, a noção de que, muito embora o empresário individual constitua uma pessoa jurídica, seu patrimônio é único em relação à pessoa física titular da empresa, fica claro que não é cabível o incidente de Desconsideração da Pessoa Jurídica para inclusão da pessoa natural no polo passivo da demanda’’, agregou Spode em seu voto, dando provimento ao recurso da autora da execução.
Clique aqui para ler o acórdão
Processo 1.14.0008316-4 (Comarca de Bento Gonçalves)
Por isso, a 11ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul reformou despacho que indeferiu pedido de sucessão empresarial.
O relator do recurso, desembargador Guinther Spode, disse que credores podem cobrar seus créditos tanto por meio da expropriação dos bens da empresa individual quanto do empresário. Citando doutrina de Fabio Ulhoa Coelho, o desembargador explicou que o patrimônio de quem explora atividade comercial de forma individual é o mesmo da empresa. Portanto, é um patrimônio só.
"Tendo presente, portanto, a noção de que, muito embora o empresário individual constitua uma pessoa jurídica, seu patrimônio é único em relação à pessoa física titular da empresa, fica claro que não é cabível o incidente de Desconsideração da Pessoa Jurídica para inclusão da pessoa natural no polo passivo da demanda’’, agregou Spode em seu voto, dando provimento ao recurso da autora da execução.
Clique aqui para ler o acórdão
Processo 1.14.0008316-4 (Comarca de Bento Gonçalves)
sexta-feira, 10 de maio de 2019
Assim, arbitro os honorários advocatícios sucumbenciais devidos pela ré aos d. patrono da autora em R$ 1.200,00 (um mil e duzentos reais), patamar que o remunera de forma condigna.
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA. SENTENÇA QUE JULGOU PROCEDENTE O PEDIDO INICIAL.
1. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. PLEITO DE MINORAÇÃO. SENTENÇA, COMPLEMENTADA PELA DECISÃO DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, QUE FIXOU A VERBA HONORÁRIA EM 15% DO VALOR ATUALIZADO DA CAUSA. INVIABILIDADE. PECULIARIDADE DO CASO CONCRETO. QUANTIA QUE SE MOSTRA EXACERBADA E DESPROPORCIONAL ÀS PARTICULARIDADES DA CAUSA. ARBITRAMENTO POR APRECIAÇÃO EQUITATIVA. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO INVERSA, POR ANALOGIA, DO DISPOSTO NO ARTIGO 85, §8º, DO CPC/15. VEDAÇÃO AO ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA. PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE. PRECEDENTES DESTA CORTE. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS MINORADOS.
RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDO E PROVIDO.
(TJPR - 8ª C.Cível - AC - 0001434-32.2017.8.16.0123 - Palmas - Rel.: Luis Sérgio Swiech - J. 25.04.2019)
Ação na qual se discute o direito de indenização por falha no serviço de segurança em evento de entretenimento musical, em que houve roubo de aparelho celular e agressões físicas a um dos participantes. Indenizações fixadas em R$ 10,000 e R$20,000.
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CONDENATÓRIA.
INDENIZAÇÃO. EVENTO. ENTRETENIMENTO MUSICAL. FALHA NA SEGURANÇA.
ROUBO E AGRESSÃO FÍSICA NO LOCAL. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. ART. 489 DO CPC/2015. NÃO OCORRÊNCIA. INDENIZAÇÃO. DANOS MORAIS. VALOR. REDUÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. REVISÃO. SÚMULA Nº 7/STJ. INADMISSIBILIDADE. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. ANÁLISE PREJUDICADA.
1. Recurso especial interposto contra acórdão publicado na vigência do Código de Processo Civil de 2015 (Enunciados Administrativos nºs 2 e 3/STJ).
2. Não há falar em negativa de prestação jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisão, solucionando a controvérsia com a aplicação do direito que entende cabível à hipótese, apenas não no sentido pretendido pela parte.
3. Quando as conclusões da Corte de origem resultam da estrita análise das provas carreadas aos autos e das circunstâncias fáticas que permearam a demanda, não há como infirmar tal posicionamento em virtude da incidência da Súmula nº 7/STJ.
4. É inviável ao Superior Tribunal de Justiça a análise da suficiência das provas e da satisfação do ônus probatório das partes em virtude do óbice da Súmula nº 7/STJ.
5. A errônea valoração da prova que enseja a incursão desta Corte na questão é a de direito, ou seja, quando decorre de má aplicação de regra ou princípio no campo probatório e não que se colham novas conclusões acerca dos elementos informativos do processo.
6. O valor fixado a título de indenização por danos morais baseia-se nas peculiaridades da causa e somente comporta revisão por este Tribunal Superior quando irrisório ou exorbitante. Incidência da Súmula nº 7/STJ.
7. A fixação da verba honorária de sucumbência cabe às instâncias ordinárias, visto que resulta da apreciação equitativa e da avaliação subjetiva do julgador diante das circunstâncias fáticas presentes nos autos, sendo, assim, insuscetível de revisão em recurso especial, a teor da Súmula nº 7/STJ.
8. A necessidade do reexame da matéria fática impede a admissão do recurso especial tanto pela alínea "a" quanto pela alínea "c" do permissivo constitucional. Precedente.
9. Agravo interno não provido.
(AgInt no AREsp 1361190/DF, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 29/04/2019, DJe 06/05/2019)
Cinge-se a controvérsia em determinar se o roubo praticado contra cliente de lanchonete fast-food, ocorrido no estacionamento externo e gratuito do estabelecimento comercial, constitui hipótese de caso fortuito ou motivo de força maior que possa afastar do local o dever de indenizar.
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. RECURSO ESPECIAL. LANCHONETE. ROUBO EM ESTACIONAMENTO GRATUITO, EXTERNO E DE LIVRE ACESSO. EMPREGO DE ARMA DE FOGO. CASO FORTUITO EXTERNO. SÚMULA Nº 130/STJ. INAPLICABILIDADE.
RISCO ESTRANHO À NATUREZA DO SERVIÇO PRESTADO. AUSÊNCIA DE LEGÍTIMA EXPECTATIVA DE SEGURANÇA.
1. O Superior Tribunal de Justiça, conferindo interpretação extensiva à Súmula n° 130/STJ, entende que estabelecimentos comerciais, tais como grandes shoppings centers e hipermercados, ao oferecerem estacionamento, ainda que gratuito, respondem pelos assaltos à mão armada praticados contra os clientes quando, apesar de o estacionamento não ser inerente à natureza do serviço prestado, gera legítima expectativa de segurança ao cliente em troca dos benefícios financeiros indiretos decorrentes desse acréscimo de conforto aos consumidores.
2. Nos casos em que o estacionamento representa mera comodidade, sendo área aberta, gratuita e de livre acesso por todos, o estabelecimento comercial não pode ser responsabilizado por roubo à mão armada, fato de terceiro que exclui a responsabilidade, por se tratar de fortuito externo.
3. Embargos de divergência não providos.
(EREsp 1431606/SP, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 27/03/2019, DJe 02/05/2019)
quinta-feira, 9 de maio de 2019
Magistrados não podem abrir empresa individual, decide CNJ
9 de maio de 2019
É incompatível com a magistratura a abertura de empresa individual de responsabilidade limitada (Eireli), ainda que esta seja administrada por um terceiro. O entendimento, por maioria, foi firmado pelo Conselho Nacional de Justiça ao julgar consulta da Associação Nacional do Magistrados Estaduais (Anamages).
Prevaleceu o entendimento do relator, conselheiro Marcio Schiefler Fontes, de que a criação de Eireli cria para o titular da empresa interesses e obrigações que não se coadunam com a dedicação plena à judicatura e com a independência e imparcialidade necessárias ao desempenho da função jurisdicional.
De acordo com o voto, a incompatibilidade permanece mesmo com a designação de um terceiro como administrador, já que o controle continua com o titular, que é o único detentor de todo o capital social e o principal interessado no sucesso econômico da atividade explorada.
“De igual modo, tem-se que a incompatibilidade permaneceria mesmo que a administração fosse conferida a pessoa diversa, pois é certo que o exercício individual da empresa, a decisão dos rumos da atividade, a fiscalização do administrador, a concentração integral do capital, a percepção de lucros e o interesse direto no êxito da Eireli continuariam com o seu titular, no caso, o magistrado”, diz o voto.
Em divergência, o conselheiro Henrique Ávila argumentou que, segundo a Lei Orgânica da Magistratura (Loman) e o Código de Ética da Magistratura, é vedada a participação de magistrados em sociedade comercial ou o exercício do comércio, “exceto na condição de acionista ou cotista e desde que não exerça o controle ou gerência”.
Com esse entendimento, o conselheiro disse ser possível fazer uma análise comparativa da constituição de Eireli à participação societária, alegando que “a atividade empresarial é realizada pela empresa e não pelos proprietários”. Dessa forma, o conselheiro reforçou que o que vai interferir é o exercício da atividade na empresa individual. Com informações da Assessoria de Imprensa do CNJ.
Cons 0005350-37.2016.2.00.0000
Revista Consultor Jurídico, 9 de maio de 2019, 12h11
segunda-feira, 6 de maio de 2019
Ambiente Jurídico - A proteção do meio ambiente e a garantia do desenvolvimento econômico (parte 1)
4 de maio
de 2019, 13h18
Por Talden
Farias
O problema
do modelo econômico tradicional é o fato de não considerar o meio ambiente,
baseando-se apenas em ganhos com a produtividade e ignorando que nenhuma
atividade econômica será viável se a natureza fornecedora dos recursos
materiais e energéticos estiver comprometida. Contudo, o crescimento econômico
não pode sensatamente ser considerado um fim em si mesmo, tendo de estar
relacionado sobretudo com a melhoria da qualidade de vida e da própria vida,
afinal a vida é o maior de todos os valores.
Por isso
Eros Roberto Grau[1] afirma que não pode existir proteção constitucional à
ordem econômica que sacrifique o meio ambiente. Fez-se necessária a criação de
instrumentos capazes de aliar o desenvolvimento econômico à defesa do meio
ambiente e à justiça social, o que implica na busca por um desenvolvimento
sustentável — modelo que coaduna os aspectos ambiental, econômico e social e
que considera em seu planejamento tanto a qualidade de vida das gerações
presentes quanto a das futuras.
De fato, a
única porta de saída para a crise ambiental é a economia, que deve ser
rediscutida e redesenhada no intuito de levar em consideração o meio ambiente e
suas complexas relações. A despeito de uma ou outra análise pontual, o fato é
que por muito tempo a economia ignorou a ecologia, como se esta não fosse esse
o pano de fundo daquela. Um bom exemplo disso é o Produto Interno Bruto (PIB),
que, além de ignorar a dimensão ambiental, pode considerar a degradação como
algo positivo[2].
A busca por
outros critérios de desenvolvimento tem feito surgir outros referenciais de
aferição, a exemplo do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o qual passou a
ser utilizado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e
pelo Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) desde 1993. Cuida-se de uma
avaliação do desenvolvimento das sociedades a partir de critérios mais amplos,
o que envolveria a expectativa de vida ao nascer, a educação e o PIB per
capita, e não mais a partir de uma ótica meramente econômica. Existe também o Índice
de Bem Estar Humano (IBEU), que foi criado pelo INCT Observatório das
Metrópoles com o objetivo de ponderar os indicadores urbanos, como mobilidade,
meio ambiente, habitação, lazer, prestação de serviços coletivos e
infraestrutura em grandes aglomerados urbanos, como no caso das metrópoles
brasileiras[3].
Por outro
lado, o processo produtivo costuma repassar à sociedade determinado ônus a que
se convencionou chamar de externalidades, a exemplo da poluição atmosférica ou
hídrica[4]. Era como se o empresário socializasse os prejuízos com a
coletividade, embora mantendo o viés capitalista com relação aos lucros. Isso
indica que é preciso uma mudança de paradigma para que o sistema econômico
possa se tornar viável sob o ponto de vista ecológico[5].
Na verdade,
a preocupação em compatibilizar a proteção do meio ambiente com o
desenvolvimento econômico não é recente. Na 1ª Conferencia da ONU sobre o meio
ambiente, que ocorreu em Estocolmo, na Suécia, em 1972, foi aprovada a
Declaração Universal sobre o Meio Ambiente que já fazia referencia ao
assunto[6]. Depois, com a segunda Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento, que ocorreu em 1992 no Rio de Janeiro e que é conhecida como a
Eco-92, o desenvolvimento sustentável se consagrou em definitivo na esfera
internacional por causa da Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, cujo Princípio 3 consagra que “o Direito ao desenvolvimento
deve ser exercido de modo a permitir que sejam atendidas equitativamente as
necessidades de gerações presentes e futuras”.
A
formulação do conceito de desenvolvimento sustentável implica no reconhecimento
de que as forças de mercado abandonadas à sua livre dinâmica não garantem a
manutenção do meio ambiente, impondo um paradigma novo ao modelo de produção e
consumo do ocidente. O desenvolvimento sustentável coloca na berlinda o modelo
de produção e consumo ocidental, que ameaça o equilíbrio planetário.
Além disso,
preocupa-se com os problemas do futuro, enquanto o atual modelo de desenvolvimento
— fundado em uma lógica essencialmente econômica — se centra exclusivamente no
presente. O termo desenvolvimento sustentável foi usado pela primeira vez em
1980 por um organismo privado de pesquisa, a Aliança Mundial para a Natureza
(UICN), e foi consagrado em 1987 quando a ex-ministra norueguesa Gro Harlem
Brundtland o utilizou em um informe feito para a ONU, em que dizia da
imprescindibilidade de um novo modelo de desenvolvimento econômico.
O
desenvolvimento sustentável é o modelo que procura coadunar os aspectos
ambiental, econômico e social, buscando um ponto de equilíbrio entre a
utilização dos recursos naturais, o crescimento econômico e a equidade social.
Esse modelo de desenvolvimento considera em seu planejamento tanto a qualidade
de vida das gerações presentes quanto a das futuras, diferentemente dos modelos
tradicionais que costumam se focar na geração presente ou, no máximo, na
geração imediatamente posterior.
Devem ser
apreciadas as necessidades de cada região, seja na zona urbana ou na zona
rural, e as peculiaridades culturais. A Constituição Federal de 1988 consagrou
o desenvolvimento sustentável ao afirmar no artigo 225 que "todos têm
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e de preservá-lo para as presentes e futuras
gerações". O mesmo ocorre com a Lei 6.938/81, que dispõe no inciso I do
artigo 4º que a Política Nacional do Meio Ambiente visará à compatibilização do
desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio
ambiente e do equilíbrio ecológico. O meio ambiente é tão importante que foi
transformado pelo inciso VI do artigo 170 da Constituição Federal em um
princípio da ordem econômica, passando a se compatibilizar com ele os
princípios da livre-iniciativa e da livre concorrência.
É um
reconhecimento de que não se pode tratar a problemática econômica sem lidar com
a questão ambiental, pois, se o Estado tem a obrigação de promover o
desenvolvimento, esse desenvolvimento tem a obrigação de ser ecologicamente
correto[7]. Luís Paulo Sirvinskas[8] destaca que o desenvolvimento sustentável
é o objetivo da Política Nacional do Meio Ambiente, na medida em que se procura
conciliar a proteção do meio ambiente e a garantia do desenvolvimento
socioeconômico, de outro, visando assegurar condições necessárias ao progresso
industrial, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da
vida humana.
O problema
é que a noção de desenvolvimento sustentável é considerada contraditória, face
à amplidão semântica do conceito. Com efeito, se parece que todos os atores
políticos concordam em aceitá-lo, não é menor verdade que cada um deles tem a
sua própria ideia sobre o assunto[9]. Embora a sua ampla aceitação tenha sido
importante para a institucionalização da questão ambiental, a falta de consenso
acerca do seu conteúdo impede que os avanços estruturais possam ocorrer.
Cuida-se, realmente, de uma conceituação movediça, dado à dificuldade
conceitual intrínseca[10].
A despeito
de sua importância histórica, a ideia de desenvolvimento sustentável, no
cenário atual, não contribui mais para o amadurecimento das discussões e das
instituições[11]. Há que se ir além, portanto, já que no dizer de Marcos Nobre
ele “se tornou, seja um instrumento subalterno de uma maquinaria econômica,
seja uma bandeira de luta utópica”[12].
[1] GRAU,
Eros Roberto. Proteção do meio ambiente (Caso do Parque do Povo). Revista dos
Tribunais, n. 702. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1992, p. 251.
[2]
“Passamos à outra vaca sagrada dos economistas: O Produto Interno Bruto (PIB).
Esse conceito ambíguo, amálgama considerável de definições mais ou menos
arbitrárias, transformou-se em algo tão real para o homem da rua como o foi o
mistério da Santíssima Trindade para os camponeses da Idade Média no Europa.
Mais ambíguo ainda é o conceito de taxa de crescimento do PIB. Por que ignorar
na medição do PIB, o custo para a coletividade da destruição dos recursos
naturais não renováveis, e o dos solos e florestas (dificilmente renováveis)?
Por que ignorar a poluição das águas e a destruição total dos peixes nos rios
em que as usinas despejam os seus resíduos? Se o aumento da taxa de crescimento
do PIB é acompanhado de baixa do salário real e esse salário está no nível de
subsistência fisiológica, é de admitir que estará havendo um desgaste humano”
(FURTADO, Celso. O mito do desenvolvimento econômico. 2. ed. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1974, p. 114-116).
[3]
RIBEIRO, Luiz Cesar de Queiroz; RIBEIRO, Marcelo Gomes. Ibeu: índice de
bem-estar urbano. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2013.
[4] “Com
efeito, a poluição e a degradação da qualidade ambiental constituem,
inegavelmente, alguns dos principais efeitos externos negativos da atividade
produtiva. Como o sistema econômico é aberto a três processos básicos —
extração de recursos, transformação e consumo — ele envolve necessariamente, em
função do inafastável processo de degradação entrópica, a geração de rejeitos
que acabam sendo lançados no ambiente: ar, água ou solo. E, sendo alguns
recursos ambientais de livre acesso (open acess), os agentes econômicos tendem
a impor aos demais usuários um custo externo representado por uma perda
incompensada em seu bem-estar (danos à saúde, aumento da mortalidade,
diminuição das oportunidades de lazer, etc)” (CARNEIRO, Ricardo. Direito
ambiental: uma abordagem econômica. Rio de Janeiro: Forense, 2003, p. 65).
[5] “Ora,
não há mais dúvida de que as questões ligadas a organização econômica guardam
estreita e determinada ligação com a dimensão ambiental. Afinal, o
condicionamento ecológico, representada pela finitude dos fluxos de matéria e
energia da Terra, regula tudo que ser humano faz e pode fazer para a satisfação
de suas variadas necessidades. O sistema econômico, assim, deve ser
rigorosamente compreendido como um subsistema integrante do sistema ecológico,
dele dependendo visceralmente como fonte de suprimento de recursos naturais e
como depósito para os residuais resultantes da produção e do consumo, o que
evidencia a constatação de que o processo econômico tende a esbarrar
irreversivelmente em restrições ambientais” (CARNEIRO, Ricardo. Direito
ambiental: uma abordagem econômica. Rio de Janeiro: Forense, 2003, p. 2). “A resolução
dos problemas ambientais, assim como a possibilidade de incorporar condições
ecológicas e bases de sustentabilidade aos processos econômicos – de
internalizar as externalidades ambientais na racionalidade econômica e nos
mecanismos do mercado – e para construir uma racionalidade ambiental e um
estilo alternativo de desenvolvimento, implica a ativação de um conjunto de
processos sociais; a incorporação dos valores do ambiente na ética individual,
nos direitos humanos e nas normas jurídicas que orientam e sancionam o
comportamento dos atores econômicos e sociais; a socialização do acesso e a
apropriação da natureza; a democratização dos processos produtivos e do poder
político; as reformas do Estado que lhe permitam medir a resolução de conflitos
de interesse em torno da propriedade e aproveitamento dos recursos e que
favoreçam a gestão participativa e descentralizada dos recursos naturais; as
transformações institucionais que permitam uma administração transversal do
desenvolvimento; a integração interdisciplinar do conhecimento e da formação
profissional e a abertura de um diálogo entre ciências e saberes não
científicos” (LEFF, Enrique. Racionalidade ambiental. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2006, p. 241-242).
[6] “O
homem que tem o Direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao desfrute de
condições de vida adequadas, em um meio ambiente de qualidade tal que lhe
permita levar uma vida digna, gozar de bem-estar e é portador solene de
obrigação de proteger e melhorar o meio ambiente, para as gerações presentes e
futuras. [...] Deve ser mantida e, sempre que possível, restaurada e melhorada
a capacidade da Terra de produzir recursos renováveis vitais. O homem tem a
responsabilidade especial de preservar e administrar judiciosamente o patrimônio
representado pela flora e fauna silvestres, bem assim o seu habitat, que se
encontram atualmente em grave perigo, por uma combinação de fatores adversos.
Em consequência, ao planificar o desenvolvimento econômico, deve ser atribuída
importância à conservação da natureza, incluídas a flora e a fauna silvestres”
(ONU. Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano. Declaração de
Estocolmo. Estocolmo, Suécia: 1972. Disponível em:
http://www.onu.org.br/rio20/img/2012/01/estocolmo1972.pdf. Acesso em 15 jan.
2019).
[7] “A
noção e o conceito de desenvolvimento, formados num Estado de concepção
liberal, alteram-se, porquanto não mais encontravam guarida na sociedade
moderna. Passou-se a reclamar um papel ativo do Estado no socorro dos valores
ambientais, conferindo outra noção ao conceito de desenvolvimento” (FIORILLO,
Celso Antônio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. 7. ed. São Paulo:
Saraiva, 2006, p. 28).
[8]
SIRVINSKAS, Luís Paulo. Política nacional do meio ambiente (Lei n. 6.938, de 31
de agosto de 1981). MORAES, Rodrigo Jorge; AZEVÊDO, Mariangela Garcia de
Lacerda e; DELMANTO, Fabio Machado de Almeida (coords). As leis federais mais
importantes de proteção ao meio ambiente comentadas. Rio de Janeiro: Renovar,
2005, p. 93.
[9]
“Qualquer um que se proponha a entender a noção de “desenvolvimento
sustentável” (DS) encontrará de saída os seguintes elementos característicos
fundamentais: a) a aceitação universal do conceito; b) a dificuldade em saber
exatamente o que é DS, ou seja, o problema da sua definição e
operacionalização. Estas duas marcas características da noção de DS são, à
primeira vista, contraditórias e até mesmo inconciliáveis. Afinal, como todos
podem ser a favor de algo que não se pode explicitar sem que surja o conflito?”
(NOBRE, Marcos; AMAZONAS, Maurício de Carvalho. Prefácio. Desenvolvimento
sustentável: a institucionalização de um conceito. NOBRE, Marcos; AMAZONAS,
Maurício de Carvalho. BRASÍLIA: IBAMA, 2002, p. 7).
[10] “Sendo
uma questão primordialmente ética, só se pode louvar o fato da ideia de
sustentabilidade ter adquirido tanta importância nos últimos vinte anos, mesmo
que ela não possa ser entendida como um conceito cientifico. A sustentabilidade
não é, nunca será, uma noção de natureza precisa, discreta, analítica ou
aritmética, como qualquer positivista gostaria que fosse. Tanto quanto a ideia
de democracia – entre muitas outras ideias tão fundamentais para a evolução da
humanidade, ela sempre será contraditória, pois nunca poderá ser encontrada em
estado puro” (VEIGA, José Eli da. Desenvolvimento sustentável: o desafio do
século XXI. Rio de Janeiro: Garamond, 2010, p.165).
[11] “Como
já vimos, o conceito de DS está numa encruzilhada: ou bem se assume como
simples subproduto da teoria do crescimento (e, com isso, reduz a problemática
ambiental a uma operação de internalização de custos), ou induz a uma mudança
rumo a um paradigma baseado na ecologia em que a economia não tem a primazia
(caso em que se torna de difícil operacionalização e tem implicações duvidosas
no que diz respeito a problemas distributivos). Beckerman formula esse impasse
da seguinte maneira: “desenvolvimento sustentável foi definido de tal maneira
que ou é moralmente repugnante ou logicamente redundante" (NOBRE, Marcos.
Desenvolvimento sustentável: origens e significado atual. NOBRE, Marcos;
AMAZONAS, Maurício de Carvalho. Desenvolvimento sustentável: a
institucionalização de um conceito. BRASÍLIA: IBAMA, 2002, p. 87).
[12] “Como
já vimos, o conceito de DS está numa encruzilhada: ou bem se assume como
simples subproduto da teoria do crescimento (e, com isso, reduz a problemática
ambiental a uma operação de internalização de custos), ou induz a uma mudança
rumo a um paradigma baseado na ecologia em que a economia não tem a primazia
(caso em que se torna de difícil operacionalização e tem implicações duvidosas
no que diz respeito a problemas distributivos). Beckerman formula esse impasse
da seguinte maneira: “desenvolvimento sustentável foi definido de tal maneira
que ou é moralmente repugnante ou logicamente redundante" (NOBRE, Marcos.
Desenvolvimento sustentável: origens e significado atual. NOBRE, Marcos;
AMAZONAS, Maurício de Carvalho. Desenvolvimento sustentável: a
institucionalização de um conceito. BRASÍLIA: IBAMA, 2002, p. 93).
Talden
Farias é advogado e professor de Direito Ambiental da Universidade Federal da
Paraíba (UFPB), doutor em Direito da Cidade pela Universidade do Estado do Rio
de Janeiro (Uerj), doutor em Recursos Naturais pela Universidade Federal de
Campina Grande (UFCG) e mestre em Ciências Jurídicas pela UFPB. Autor do livro
"Licenciamento ambiental: aspectos teóricos e práticos" (7. ed. Belo
Horizonte: Fórum, 2019).
Revista
Consultor Jurídico, 4 de maio de 2019, 13h18
quinta-feira, 2 de maio de 2019
Destaque da MEDIDA PROVISÓRIA Nº 881, DE 30 DE ABRIL DE 2019 - Institui a Declaração de Direitos de Liberdade Econômica, estabelece garantias de livre mercado, análise de impacto regulatório, e dá outras providências.
Art. 7º A Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 -
Código Civil, passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso.§ 1º Para fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização dolosa da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza.§ 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre os patrimônios, caracterizada por:I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa;II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto o de valor proporcionalmente insignificante; eIII - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial.§ 3º O disposto no caput e nos § 1º e § 2º também se aplica à extensão das obrigações de sócios ou de administradores à pessoa jurídica.§ 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de que trata o caput não autoriza a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica.§ 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da finalidade original da atividade econômica específica da pessoa jurídica.” (NR)“Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato, observado o disposto na Declaração de Direitos de Liberdade Econômica.Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerá o princípio da intervenção mínima do Estado, por qualquer dos seus poderes, e a revisão contratual determinada de forma externa às partes será excepcional.” (NR)“Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas que gerem dúvida quanto à sua interpretação, será adotada a mais favorável ao aderente.Parágrafo único. Nos contratos não atingidos pelo disposto no caput, exceto se houver disposição específica em lei, a dúvida na interpretação beneficia a parte que não redigiu a cláusula controvertida.” (NR)“Art. 480-A. Nas relações interempresariais, é licito às partes contratantes estabelecer parâmetros objetivos para a interpretação de requisitos de revisão ou de resolução do pacto contratual.” (NR)“Art. 480-B. Nas relações interempresariais, deve-se presumir a simetria dos contratantes e observar a alocação de riscos por eles definida.” (NR)“Art. 980-A. ...................................................................................................................“§ 7º Somente o patrimônio social da empresa responderá pelas dívidas da empresa individual de responsabilidade limitada, hipótese em que não se confundirá, em qualquer situação, com o patrimônio do titular que a constitui, ressalvados os casos de fraude.”.....................................................................................................................................” (NR)“Art. 1.052. ..................................................................................................................Parágrafo único. A sociedade limitada pode ser constituída por uma ou mais pessoas, hipótese em que se aplicarão ao documento de constituição do sócio único, no que couber, as disposições sobre o contrato social.” (NR)
MEDIDA PROVISÓRIA Nº 881, DE 30 DE ABRIL DE 2019 - Institui a Declaração de Direitos de Liberdade Econômica, estabelece garantias de livre mercado, análise de impacto regulatório, e dá outras providências.
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O PRESIDENTE
DA REPÚBLICA,
no uso da atribuição que lhe confere o art. 62 da Constituição, adota a
seguinte Medida Provisória, com força de lei:
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 1º Fica instituída a Declaração de Direitos de
Liberdade Econômica, que estabelece normas de proteção à livre iniciativa e
ao livre exercício de atividade econômica e disposições sobre a atuação do
Estado como agente normativo e regulador, nos termos do disposto no inciso
IV do caput do art. 1º, no parágrafo único do art. 170 e no caput
do art. 174 da Constituição.
§ 1º O disposto nesta Medida Provisória será observado na aplicação e na
interpretação de direito civil, empresarial, econômico, urbanístico e do
trabalho nas relações jurídicas que se encontrem no seu âmbito de aplicação,
e na ordenação pública sobre o exercício das profissões, juntas comerciais,
produção e consumo e proteção ao meio ambiente.
§ 2º Ressalvado o disposto no inciso X do caput do art. 3º, o
disposto no art. 1º ao art. 4º não se aplica ao direito tributário e ao
direito financeiro.
§ 3º O disposto no art. 1º ao art. 4º constitui norma geral de direito
econômico, conforme o disposto no inciso I do caput e nos § 1º
e § 4º do art. 24 da Constituição, e será observado para todos os atos
públicos de liberação da atividade econômica executados pelos Estados, pelo
Distrito Federal e pelos Municípios, observado o disposto no § 2º.
§ 4º O disposto no inciso IX do caput do art. 3º não se aplica aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, exceto se:
I - o ato público de liberação da atividade econômica for derivado ou
delegado por legislação ordinária federal; ou
II - o ente federativo ou o órgão responsável pelo ato decidir se vincular
ao disposto no inciso IX do caput do art. 3º por meio de instrumento
válido e próprio.
§ 5º Para fins do disposto nesta Medida Provisória, consideram-se atos
públicos de liberação da atividade econômica a licença, a autorização, a
inscrição, o registro, o alvará e os demais atos exigidos, com qualquer
denominação, por órgão ou entidade da administração pública na aplicação de
legislação, como condição prévia para o exercício de atividade econômica,
inclusive o início, a instalação, a operação, a produção, o funcionamento, o
uso, o exercício ou a realização, no âmbito público ou privado, de
atividade, serviço, estabelecimento, profissão, instalação, operação,
produto, equipamento, veículo, edificação e outros.
Art. 2º São princípios que norteiam o disposto nesta
Medida Provisória:
I - a presunção de liberdade no exercício de atividades econômicas;
II - a presunção de boa-fé do particular; e
III - a intervenção subsidiária, mínima e excepcional do Estado sobre o
exercício de atividades econômicas.
CAPÍTULO II
DA DECLARAÇÃO DE DIREITOS DE LIBERDADE ECONÔMICA
Art. 3º São direitos de toda pessoa, natural ou
jurídica, essenciais para o desenvolvimento e o crescimento econômicos do
País, observado o disposto no parágrafo único do art. 170 da Constituição:
I - desenvolver, para sustento próprio ou de sua família, atividade
econômica de baixo risco, para a qual se valha exclusivamente de propriedade
privada própria ou de terceiros consensuais, sem a necessidade de atos
públicos de liberação da atividade econômica;
II - produzir, empregar e gerar renda, assegurada a liberdade para
desenvolver atividade econômica em qualquer horário ou dia da semana,
observadas:
a) as normas de proteção ao meio ambiente, incluídas as de combate à
poluição sonora e à perturbação de sossego;
b) as restrições advindas de obrigações do direito privado, incluídas as
situações de domínio de um determinado bem ou de partes de um bem por mais
de uma pessoa simultaneamente;
c) as normas referentes ao direito de vizinhança; e
d) a legislação trabalhista;
III - não ter restringida, por qualquer autoridade, sua liberdade de definir
o preço de produtos e de serviços como consequência de alterações da oferta
e da demanda no mercado não regulado, ressalvadas as situações de emergência
ou de calamidade pública, quando assim declarada pela autoridade competente;
IV - receber tratamento isonômico de órgãos e de entidades da administração
pública quanto ao exercício de atos de liberação da atividade econômica,
hipótese em que o ato de liberação estará vinculado aos mesmos critérios de
interpretação adotados em decisões administrativas análogas anteriores,
observado o disposto em regulamento;
V - gozar de presunção de boa-fé nos atos praticados no exercício da
atividade econômica, para os quais as dúvidas de interpretação do direito
civil, empresarial, econômico e urbanístico serão resolvidas de forma a
preservar a autonomia de sua vontade, exceto se houver expressa disposição
legal em contrário;
VI - desenvolver, executar, operar ou comercializar novas modalidades de
produtos e de serviços quando as normas infralegais se tornarem
desatualizadas por força de desenvolvimento tecnológico consolidado
internacionalmente, nos termos estabelecidos em regulamento, que
disciplinará os requisitos para aferição da situação concreta, os
procedimentos, o momento e as condições dos efeitos;
VII - implementar, testar e oferecer, gratuitamente ou não, um novo produto
ou serviço para um grupo privado e restrito de pessoas maiores e capazes,
que se valerá exclusivamente de propriedade privada própria ou de terceiros
consensuais, após livre e claro consentimento, sem requerimento ou ato
público de liberação da atividade econômica, exceto em hipóteses de
segurança nacional, de segurança pública ou sanitária ou de saúde pública,
respeitada a legislação vigente, inclusive no que diz respeito à propriedade
intelectual;
VIII - ter a garantia de que os negócios jurídicos empresariais serão objeto
de livre estipulação das partes pactuantes, de forma a aplicar todas as
regras de direito empresarial apenas de maneira subsidiária ao avençado,
hipótese em que nenhuma norma de ordem pública dessa matéria será usada para
beneficiar a parte que pactuou contra ela, exceto se para resguardar
direitos tutelados pela administração pública ou de terceiros alheios ao
contrato;
IX - ter a garantia de que, nas solicitações de atos públicos de liberação
da atividade econômica que se sujeitam ao disposto nesta Medida Provisória,
apresentados todos os elementos necessários à instrução do processo, o
particular receberá imediatamente um prazo expresso que estipulará o tempo
máximo para a devida análise de seu pedido e que, transcorrido o prazo
fixado, na hipótese de silêncio da autoridade competente, importará em
aprovação tácita para todos os efeitos, ressalvadas as hipóteses
expressamente vedadas na lei; e
X - arquivar qualquer documento por meio de microfilme ou por meio digital,
conforme técnica e requisitos estabelecidos em regulamento, hipótese em que
se equiparará a documento físico para todos os efeitos legais e para a
comprovação de qualquer ato de direito público.
§ 1º Os direitos de que trata esta Medida Provisória não se aplicam às
hipóteses que envolverem segurança nacional, segurança pública ou sanitária
ou saúde pública, e caberá, quando solicitada, à administração pública, de
forma expressa e excepcional, o ônus de demonstrar a imperiosidade da
restrição.
§ 2º Para fins do disposto no inciso I do caput:
I - ato do Poder Executivo federal disporá sobre a classificação de
atividades de baixo risco a ser observada na ausência de legislação
estadual, distrital ou municipal específica;
II - na hipótese de ausência de ato do Poder Executivo federal de que trata
o inciso I do § 2º, será aplicada resolução do Comitê para Gestão da Rede
Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e
Negócios - CGSIM, independentemente da aderência do ente federativo à Rede
Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e
Negócios - Redesim; e
III - na hipótese de existência de legislação estadual, distrital ou
municipal sobre a classificação de atividades de baixo risco, o ente
federativo que editar ou tiver editado norma específica, encaminhará
notificação ao Ministério da Economia sobre a edição de sua norma.
§ 3º A fiscalização do exercício do direito de que trata o inciso I do
caput será realizada posteriormente, de ofício ou como consequência de
denúncia encaminhada à autoridade competente.
§ 4º O disposto no inciso III do caput não se aplica:
I - às situações em que o preço de produtos e de serviços seja utilizado com
a finalidade de reduzir o valor do tributo, de postergar a sua arrecadação
ou de remeter lucros em forma de custos ao exterior; e
II - à legislação da defesa da concorrência, aos direitos do consumidor e às
demais disposições protegidas por lei.
§ 5º Para fins do disposto no inciso VII do caput, entende-se como
restrito o grupo de integrantes não superior aos limites específicos
estabelecidos para a prática da modalidade de implementação, teste ou
oferta, conforme estabelecido em Portaria do Secretário Especial de
Produtividade, Emprego e Competividade do Ministério da Economia.
§ 6º O disposto no inciso VIII do caput não se aplica à empresa
pública e à sociedade de economia mista definidas no art. 3º e no art. 4º da
Lei nº 13.303, de 30 de junho de 2016.
§ 7º O disposto no inciso IX do caput não se aplica quando:
I - versar sobre questões tributárias de qualquer espécie;
II - versar sobre situações, prévia e motivadamente, consideradas pelo órgão
ou pela entidade da administração pública responsável pelo ato de liberação
da atividade econômica como de justificável risco;
III - a decisão importar em compromisso financeiro da administração pública;
e
IV - houver objeção expressa em tratado em vigor no País.
§ 8º A aprovação tácita prevista no inciso IX do caput não se aplica
quando a titularidade da solicitação for de agente público ou de seu
cônjuge, companheiro ou parente em linha reta ou colateral, por
consanguinidade ou afinidade, até o terceiro grau, dirigida a autoridade
administrativa ou política do próprio órgão ou entidade da administração
pública em que desenvolva suas atividades funcionais.
§ 9º Os prazos a que se refere o inciso IX do caput serão definidos
individualmente pelo órgão ou pela entidade da administração pública
solicitado no momento do pedido, observados os parâmetros uniformes do
próprio órgão ou da entidade e os limites máximos, para as hipóteses de
baixo risco, estabelecidos em regulamento.
§ 10. A previsão de prazo individualizado na análise concreta de que trata
o inciso IX do caput não se confunde com as previsões gerais acerca
de processamento de pedidos de licença, incluídos os prazos a que se refere
o § 3º do art. 14 da Lei Complementar nº 140, de 8 de dezembro de 2011.
§ 11. É vedado exercer o direito de que trata o inciso VII do caput
quando a atividade envolver o manuseio de tecnologia e substâncias de uso
restrito.
CAPÍTULO III
DAS GARANTIAS DE LIVRE INICIATIVA
Art. 4º É dever da administração pública e dos demais
entes que se vinculam ao disposto nesta Medida Provisória, no exercício de
regulamentação de norma pública pertencente à legislação sobre a qual esta
Medida Provisória versa, exceto se em estrito cumprimento a previsão
explícita em lei, evitar o abuso do poder regulatório de maneira a,
indevidamente:
I - criar reserva de mercado ao favorecer, na regulação, grupo econômico, ou
profissional, em prejuízo dos demais concorrentes;
II - redigir enunciados que impeçam a entrada de novos competidores
nacionais ou estrangeiros no mercado;
III - criar privilégio exclusivo para determinado segmento econômico, que
não seja acessível aos demais segmentos;
IV - exigir especificação técnica que não seja necessária para atingir o fim
desejado;
V - redigir enunciados que impeçam ou retardem a inovação e a adoção de
novas tecnologias, processos ou modelos de negócios, ressalvadas as
situações consideradas em regulamento como de alto risco;
VI - aumentar os custos de transação sem demonstração de benefícios;
VII - criar demanda artificial ou compulsória de produto, serviço, ou
atividade profissional, inclusive de uso de cartórios, registros ou
cadastros;
VIII - introduzir limites à livre formação de sociedades empresariais ou de
atividades econômicas; e
IX - restringir o uso e o exercício da publicidade e propaganda sobre um
setor econômico, ressalvadas as hipóteses expressamente vedadas em lei.
CAPÍTULO IV
DA ANÁLISE DE IMPACTO REGULATÓRIO
Art. 5º As propostas de edição e de alteração de atos
normativos de interesse geral de agentes econômicos ou de usuários dos
serviços prestados, editadas por órgão ou entidade da administração pública
federal, incluídas as autarquias e as fundações públicas, serão precedidas
da realização de análise de impacto regulatório, que conterá informações e
dados sobre os possíveis efeitos do ato normativo para verificar a
razoabilidade do seu impacto econômico.
Parágrafo único. Regulamento disporá sobre a data de início da exigência de
que trata o caput e sobre o conteúdo, a metodologia da análise de
impacto regulatório, sobre os quesitos mínimos a serem objeto de exame,
sobre as hipóteses em que será obrigatória sua realização e sobre as
hipóteses em que poderá ser dispensada.
CAPÍTULO V
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 6º Fica extinto o Fundo Soberano do Brasil - FSB,
fundo especial de natureza contábil e financeira, vinculado ao Ministério da
Economia, criado pela Lei nº 11.887, de 24 de dezembro de 2008.
Art. 7º A Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 -
Código Civil, passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso.
§ 1º Para fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização dolosa da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza.
§ 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre os patrimônios, caracterizada por:
I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa;
II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto o de valor proporcionalmente insignificante; e
III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial.
§ 3º O disposto no caput e nos § 1º e § 2º também se aplica à extensão das obrigações de sócios ou de administradores à pessoa jurídica.
§ 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de que trata o caput não autoriza a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica.
§ 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da finalidade original da atividade econômica específica da pessoa jurídica.” (NR)
“Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato, observado o disposto na Declaração de Direitos de Liberdade Econômica.
Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerá o princípio da intervenção mínima do Estado, por qualquer dos seus poderes, e a revisão contratual determinada de forma externa às partes será excepcional.” (NR)
“Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas que gerem dúvida quanto à sua interpretação, será adotada a mais favorável ao aderente.
Parágrafo único. Nos contratos não atingidos pelo disposto no caput, exceto se houver disposição específica em lei, a dúvida na interpretação beneficia a parte que não redigiu a cláusula controvertida.” (NR)
“Art. 480-A. Nas relações interempresariais, é licito às partes contratantes estabelecer parâmetros objetivos para a interpretação de requisitos de revisão ou de resolução do pacto contratual.” (NR)
“Art. 480-B. Nas relações interempresariais, deve-se presumir a simetria dos contratantes e observar a alocação de riscos por eles definida.” (NR)
“Art. 980-A. ...................................................................................................................
“§ 7º Somente o patrimônio social da empresa responderá pelas dívidas da empresa individual de responsabilidade limitada, hipótese em que não se confundirá, em qualquer situação, com o patrimônio do titular que a constitui, ressalvados os casos de fraude.”.....................................................................................................................................” (NR)
“Art. 1.052. ..................................................................................................................
Parágrafo único. A sociedade limitada pode ser constituída por uma ou mais pessoas, hipótese em que se aplicarão ao documento de constituição do sócio único, no que couber, as disposições sobre o contrato social.” (NR)
“LIVRO III
Do Direito das Coisas…………...........................................................................................................................
CAPÍTULO IX
Da Propriedade Fiduciária……............................................................................................................................……
CAPÍTULO X
Do Fundo de Investimento
Art. 1.368-C. O fundo de investimento é uma comunhão de recursos, constituído sob a forma de condomínio, destinado à aplicação em ativos financeiros.
Parágrafo único. Competirá à Comissão de Valores Mobiliários disciplinar o disposto no caput.” (NR)
“Art. 1.368-D. O regulamento do fundo de investimento poderá, observado o disposto no regulamento a que se refere o parágrafo único do art. 1.368-C:
I - estabelecer a limitação da responsabilidade de cada condômino ao valor de suas cotas; e
II - autorizar a limitação da responsabilidade dos prestadores de serviços fiduciários, perante o condomínio e entre si, ao cumprimento dos deveres particulares de cada um, sem solidariedade.” (NR)
“Art. 1.368-E. A adoção da responsabilidade limitada por fundo constituído sem a limitação de responsabilidade somente abrangerá fatos ocorridos após a mudança.” (NR)
Art. 8º A Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, passa
a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 85. .........................................................................................................................
§ 1º A subscrição poderá ser feita, nas condições previstas no prospecto, por carta à instituição, acompanhada das declarações a que se refere este artigo e do pagamento da entrada.
§ 2º Será dispensada a assinatura de lista ou de boletim a que se refere o caput na hipótese de oferta pública cuja liquidação ocorra por meio de sistema administrado por entidade administradora de mercados organizados de valores mobiliários.” (NR)
“Art. 294-A. A Comissão de Valores Mobiliários, por meio de regulamento, poderá dispensar exigências previstas nesta Lei, para companhias que definir como de pequeno e médio porte, de forma a facilitar o acesso ao mercado de capitais.” (NR)
Art. 9º A Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005,
passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 82-A. A extensão dos efeitos da falência somente será admitida quando estiverem presentes os requisitos da desconsideração da personalidade jurídica de que trata o art. 50 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil.” (NR)
Art. 10. A Lei nº 11.598, de 2007, passa a vigorar com as
seguintes alterações:
“Art. 4º...........................................................................................................................................................................................................................................................................
§ 5º Ato do Poder Executivo federal disporá sobre a classificação de atividades de baixo risco, válida para todos os integrantes da Redesim, observada a Classificação Nacional de Atividade Econômica, hipótese que, a autodeclaração de enquadramento será requerimento suficiente, até que seja apresentada prova em contrário.” (NR)
Art. 11. A Lei nº 12.682, de 9 de julho de 2012, passa
a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 2º-A. Fica autorizado o armazenamento, em meio eletrônico, óptico ou equivalente, de documentos privados, compostos por dados ou por imagens, observado o disposto nesta Lei, nas das demais legislações específicas e no regulamento.
§ 1º Após a digitalização, constatada a integridade do documento digital nos termos estabelecidos no regulamento, o original poderá ser destruído, ressalvados os documentos de valor histórico, cuja preservação observará o disposto na legislação específica.
§ 2º O documento digital e a sua reprodução, em qualquer meio, realizada de acordo com o disposto nesta Lei e na legislação específica, terão o mesmo valor probatório do documento original, para todos os fins de direito, inclusive para atender ao poder fiscalizatório do Estado.
§ 3º Decorridos os respectivos prazos de decadência ou de prescrição, os documentos armazenados em meio eletrônico, óptico ou equivalente poderão ser eliminados.
§ 4º Os documentos digitalizados nos termos do disposto neste artigo terão o mesmo efeito jurídico conferido aos documentos microfilmados, nos termos do disposto na Lei nº 5.433, de 8 de maio de 1968, e regulamentação posterior.
§ 5º Ato do Secretário de Governo Digital da Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia estabelecerá os documentos cuja reprodução conterá código de autenticação verificável.” (NR)
Art. 12. O Decreto-Lei nº 9.760, de 5 de setembro de
1946, passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 14. Da decisão proferida pelo Secretário de Coordenação e Governança do Patrimônio da União da Secretaria Especial de Desestatização e Desinvestimento do Ministério da Economia será dado conhecimento aos recorrentes que, no prazo de vinte dias, contado da data de sua ciência, poderão interpor recurso, não dotado de efeito suspensivo, dirigido ao superior hierárquico, em última instância.” (NR)
“Art. 100. …………………………………………………………......................................................……………………………………………………………………...................................................................
§ 5º Considerada improcedente a impugnação, a autoridade submeterá o recurso à autoridade superior, nos termos estabelecidos em regulamento.…………………………………..................................................................................................”(NR)
“Art. 216. O Ministro de Estado da Economia, diretamente ou por ato do Secretário Especial de Desestatização e Desinvestimento do Ministério da Economia, ouvido previamente o Secretário de Coordenação e Governança do Patrimônio da União, editará os atos necessários à execução do disposto neste Decreto-Lei.” (NR)
Art. 13. A Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973,
passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 1º .........................................................................................................................................................................................................................................................................
§ 3º Os registros poderão ser escriturados, publicitados e conservados em meio eletrônico, obedecidos os padrões tecnológicos estabelecidos em regulamento.” (NR)
Art. 14. A Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002,
passam a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 18-A. Comitê formado por integrantes do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, da Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil do Ministério da Economia e da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional editará enunciados de súmula da administração tributária federal, observado o disposto em ato do Ministro de Estado da Economia, que deverão ser observados nos atos administrativos, normativos e decisórios praticados pelos referidos órgãos.” (NR)
“Art. 19. Fica a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional dispensada de contestar, de oferecer contrarrazões e de interpor recursos, e fica autorizada a desistir de recursos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante, na hipótese em que a ação ou a decisão judicial ou administrativa versar sobre:................................................................................................................................................
II - temas que sejam objeto de parecer, vigente e aprovado, pelo Procurador-Geral da Fazenda Nacional, que conclua no mesmo sentido do pleito do particular;................................................................................................................................................
IV - temas sobre os quais exista súmula ou parecer do Advogado-Geral da União que conclua no mesmo sentido do pleito do particular;
V - temas fundados em dispositivo legal que tenha sido declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em sede de controle difuso e tenha tido sua execução suspensa por Resolução do Senado Federal ou tema sobre o qual exista enunciado de súmula vinculante ou que tenha sido definido pelo Supremo Tribunal Federal em sentido desfavorável à Fazenda Nacional em sede de controle concentrado de constitucionalidade;
VI - temas decididos pelo Supremo Tribunal Federal, em matéria constitucional, ou pelo Superior Tribunal de Justiça, pelo Tribunal Superior do Trabalho, pelo Tribunal Superior Eleitoral ou pela Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência, no âmbito de suas competências, quando não houver viabilidade de reversão da tese firmada em sentido desfavorável à Fazenda Nacional, conforme critérios definidos em ato do Procurador-Geral da Fazenda Nacional; e
VII - temas que sejam objeto de súmula da administração tributária federal de que trata o art. 18-A...............................................................................................................................................
§ 3º O parecer da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional que examina a juridicidade de proposições normativas não se enquadra no disposto no inciso II do caput.
§ 4º A dispensa de que tratam os incisos V e VI do caput poderá ser estendido a tema não abrangido pelo julgado, quando a ele forem aplicáveis os fundamentos determinantes extraídos do julgamento paradigma ou da jurisprudência consolidada, desde que inexista outro fundamento relevante que justifique a impugnação em juízo.
§ 5º O disposto neste artigo estende-se, no que couber, aos demais meios de impugnação às decisões judiciais.............................................................................................................................................
§ 7º O disposto neste artigo aplica-se a todas as causas em que as unidades da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional devam atuar na qualidade de representante judicial ou de autoridade coatora.
§ 8º Os órgãos do Poder Judiciário e as unidades da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional poderão, de comum acordo, realizar mutirões para análise do enquadramento de processos ou de recursos nas hipóteses previstas neste artigo, e realizar adequação procedimental com fundamento no disposto no art. 190 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 - Código de Processo Civil.” (NR)
“Art. 19-A. Os Auditores-Fiscais da Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil não constituirão os créditos tributários relativos aos temas de que trata o art. 19, observado:
I - o disposto no parecer a que se refere no inciso II do caput do art. 19, que será aprovado na forma do disposto no art. 42 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993;
II - o parecer a que se refere o inciso IV do art. 19, que será aprovado na forma do disposto no art. 40 da Lei Complementar nº 73, de 1993, ou, quando não aprovado por despacho do Presidente da República, houver concordância com a sua aplicação pelo Ministro de Estado da Economia;
III - nas hipóteses de que tratam os incisos VI do caput do art. 19 e o § 4º do art. 19, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional se manifestará sobre os temas abrangidos pela dispensa.
§ 1º Nas hipóteses de que trata este artigo, os Auditores-Fiscais da Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil do Ministério da Economia adotarão, em suas decisões, o entendimento a que estiverem vinculados, inclusive para fins de revisão de ofício do lançamento e de repetição de indébito administrativa.
§ 2º O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, aos responsáveis pela retenção de tributos e, ao emitirem laudos periciais para atestar a existência de condições que gerem isenção de tributos, aos serviços médicos oficiais” (NR)
“Art. 19-B. Os demais órgãos da administração pública que administrem créditos tributários e não tributários passíveis de inscrição e de cobrança pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional encontram-se dispensados de constituir e de promover a cobrança com fundamento nas hipóteses de dispensa de que trata o art. 19.
Parágrafo único. A aplicação do disposto no caput observará, no que couber, as disposições do art. 19-A.” (NR)
“Art. 19-C. A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional poderá dispensar a prática de atos processuais, inclusive a desistência de recursos interpostos, quando o benefício patrimonial almejado com o ato não atender aos critérios de racionalidade, de economicidade e de eficiência.
§ 1º O disposto no caput inclui o estabelecimento de parâmetros de valor para a dispensa da prática de atos processuais.
§ 2º A aplicação do disposto neste artigo não implicará o reconhecimento da procedência do pedido formulado pelo autor.
§ 3º O disposto neste artigo aplica-se, inclusive, na atuação da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional no âmbito do contencioso administrativo fiscal.” (NR)
“Art. 19-D. À Procuradoria-Geral da União e à Procuradoria-Geral Federal aplica-se, no que couber, o disposto nos art. 19, art. 19-B e art. 19-C, sem prejuízo do disposto na Lei nº 9.469, de 10 de julho de 1997.
§ 1º Aos órgãos da administração pública federal direta, representados pela Procuradoria-Geral da União, e às autarquias e fundações públicas, representadas pela Procuradoria-Geral Federal, aplica-se, no que couber, o disposto no art. 19-B.
§ 2º Ato do Advogado-Geral da União disciplinará o disposto neste artigo.” (NR)
“Art. 20. Serão arquivados, sem baixa na distribuição, por meio de requerimento do Procurador da Fazenda Nacional, os autos das execuções fiscais de débitos inscritos em Dívida Ativa da União pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ou por ela cobrados, de valor consolidado igual ou inferior àquele estabelecido em ato do Procurador-Geral da Fazenda Nacional.......................................................................................................................................” (NR)
Art. 15. Fica resguardada a vigência e a eficácia ou os
efeitos dos atos declaratórios do Procurador-Geral da Fazenda Nacional,
aprovados pelo Ministro de Estado respectivo e editados até a data de
publicação desta Medida Provisória, nos termos do disposto no inciso II do
caput do art. 19 da Lei nº 10.522, de 2002.
Art. 16. A eficácia do disposto no inciso IX do
caput do art. 3º fica suspensa pelo prazo de sessenta dias, contado da
data de publicação desta Medida Provisória, e, encerrado esse prazo, será
passível de responsabilização administrativa o agente público competente
para análise dos atos públicos de liberação da atividade econômica que negar
a solicitação do particular sem justificativa plausível e indeferi-la com o
objetivo único de atender aos prazos previstos em regulamentação.
Art. 17. A eficácia do disposto no inciso X do caput
do art. 3º fica condicionada à regulamentação em ato do Poder Executivo
federal.
Art. 18. Ficam revogados:
I - a Lei Delegada nº 4, de 26 de setembro de 1962;
II - os seguintes dispositivos do Decreto-Lei nº 73, de 21 de novembro de
1966:
a) o inciso III do caput do art. 5º; e
b) o inciso X do caput do art. 32; e
III - a Lei nº 11.887, de 2008.
Art. 19. Esta Medida Provisória entra em vigor na data
de sua publicação.
Brasília, 30 de abril de 2019; 198º da Independência e 131º da República.
JAIR MESSIAS
BOLSONARO
Paulo Guedes
Paulo Guedes
Este texto não substitui o publicado no DOU de
30.4.2019 - Edição extra